domingo, 28 de março de 2010

LINHAS GERAIS DE TRATAMENTO PARA TUMORES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL



Cirurgia

A cirurgia é a principal forma de tratamento para a maioria dos tumores primários de sistema nervoso central.
Com a remoção do tumor obtém-se rapidamente uma citorredução da lesão, consegue-se material para o diagnóstico histológico do tumor e alivia-se a hipertensão intracraniana, muitas vezes presente pelo efeito de massa. Nem todos os tumores são, entretanto, passíveis de remoção cirúrgica, seja total ou parcial. Aqueles localizados em tronco cerebral não costumam permitir uma abordagem segura, não sendo realizada sequer biópsia, pelo risco de serem atingidas as estruturas responsáveis pelo controle de funções vitais.
Nos últimos vinte anos, o progresso na neurocirurgia (Departamento de Neurocirurgia) foi auxiliado pelos avanços vistos na neuroanestesia e nos métodos de diagnóstico por imagem, notadamente pela Tomografia Computadorizada e Ressonância Nuclear Magnética.
Quanto mais completa tiver sido a remoção cirúrgica de um tumor, maiores serão as chances de sobrevida prolongada do paciente e maior eficácia terá seu tratamento posterior com quimo ou radioterapia. A biópsia estereotáxica, procedimento especializado dirigido por método de imagem - tomografia ou ressonância magnética define com precisão o local da lesão a ser abordado e possibilita o diagnóstico histológico em tumores com difícil acesso para a cirurgia convencional.
O neurocirurgião também pode ser solicitado para colocação de uma derivação ventrículo-peritoneal em pacientes com dilatação ventricular significativa. Essa conduta tem sido cada vez menos necessária, pela abordagem mais precoce das lesões, não permitindo tão freqüentemente a instalação de hidrocefalia. A presença de uma derivação é um fator de risco para infecções, por se tratar de um corpo estranho.
É questionável seu papel contributivo para a disseminação de metástases.


Radioterapia

A radioterapia é um tratamento oncológico loco-regional realizado através da emissão de radiações ionizantes nas áreas de crescimento tumoral. Tem como objetivo destruir as células tumorais, com o mínimo de seqüela possível nos tecidos normais. É utilizada na maioria dos tumores de SNC da criança, pelo menos em uma fase do tratamento. Sua finalidade é a de diminuir as chances de recidiva local dos tumores ressecados, prevenir disseminação ao longo do neuro-eixo em determinados tumores, tratar de maneira exclusiva os tumores irressecáveis e melhorar o controle local e sobrevida das crianças submetidas à remoção parcial do tumor primário.
As indicações e técnica da radioterapia a ser empregada dependem da idade da criança, do tipo histológico do tumor, assim como da sua localização e extensão. As principais técnicas incluem:

  1. Radioterapia crânio espinhal - Indicada para os tumores que possuem potencial de disseminação ao longo do neuroeixo através da circulação liquórica. Exemplos desses tumores incluem o meduloblastoma, outros tumores neuroectodérmicos primitivos e os tumores de células germinativas. Toda a superfície meníngea deve estar incluída nos campos de irradiação, que inclui desde o cérebro até um limite inferior do campo medular no nível da junção de S2-S3.

  2. Radioterapia de crânio total - Todo o cérebro deve estar incluído no campo. É utilizada atualmente apenas em linfomas cerebrais e metástases cerebrais.

  3. Radioterapia focal - O campo deve englobar todo o leito tumoral com margens de segurança, dependendo do tipo. A composição e número de campos, dependem do local e volume a ser tratado. Utilizada nos astrocitomas, ependimomas, oligodendrogliomas, gliomas de tronco, gliomas de nervo óptico, craniofaringeomas, tumores de pineal e de plexo coróide.

  4. Braquiterapia - Consiste na introdução de cateteres no interior do tumor por estereotaxia, por dentro dos quais são introduzidos materiais radioativos que ficarão em contato com o tumor. Há, portanto, liberação de altas doses de radiação no interior do mesmo, poupando-se o tecido cerebral normal circunjacente. Indicada em tumores supratentoriais com diâmetro menor que 6 cm no maior eixo, unifocais e bem delimitados por métodos de imagem. O Iodo-l25 é o material radioativo de escolha.

  5. Radiocirurgia - Consiste em técnica moderna de radioterapia externa, na qual há concentração de dose de radiação em uma região no interior do cérebro, cujas coordenadas são determinadas por estereotaxia. O planejamento é computadorizado e os dados são repassados ao acelerador linear, que durante a aplicação gira ao redor da cabeça do paciente, algumas vezes em concomitância com a rotação da mesa, fazendo com que os múltiplos feixes de radiação se cruzem no nível do local determinado. Utiliza-se em lesões pequenas, que não ultrapassem 4 cm de diâmetro, e localizadas em áreas determinadas.


Quimioterapia

Das três "armas" empregadas no tratamento dos tumores de Sistema Nervoso Central, a quimioterapia é a de utilização mais recente.
Inicialmente indicada apenas nos casos de doença recidivada, com finalidade paliativa, passou depois a ser empregada em modalidade adjuvante, após a cirurgia e concomitante à radioterapia de meduloblastomas e gliomas de alto grau. Os resultados de alguns estudos comparativos no final da década de 70 e início da de 80 permitiram concluir que o uso adjuvante de quimioterapia não implica em aumento nas taxas de sobrevida para crianças com gliomas de alto grau ou tumores de tronco. Entretanto, para pacientes com meduloblastoma de alto risco, seu uso seria benéfico, resultando em uma sobrevida mais prolongada (6,4 anos). A modalidade neoadjuvante de quimioterapia para tumores de sistema nervoso central consiste na sua utilização em presença de massa tumoral residual pós-operatória e previamente à radioterapia. As vantagens da exposição à quimioterapia previamente à irradiação do tumor são significativas, especialmente em se tratando de crianças menores de 3 anos de idade. Consegue-se assim retardar a exposição do paciente à radioterapia, de conhecidos efeitos tóxicos no desenvolvimento do SNC, ainda em mielinização e maturação de suas funções nessa faixa etária.

Entre os agentes mais empregados no tratamento quimioterápico de tumores de SNC pediátricos, temos os derivados da platina, (cisplatina e carboplatina), agentes alquilantes (ciclofosfamida e ifosfamida) e outros, como a vincristina e o etoposide. Os esquemas de tratamento variam desde protocolos convencionais até a administração de quimioterapia em doses altas com resgate autólogo de medula óssea ou células tronco.

POSTADO POR: Maria Albertina Deodato de Brito, em 28/03/2010 às 18:14

REFERÊNCIAS: http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/10560

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